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sábado, 22 de janeiro de 2011

Para não voltarmos aos cárceres

(Contribuição do diácono Ernando Gomes)

Quando a alma é liberta, quando respira o ar abençoado que existe do lado de fora dos cárceres, enche-se de entusiasmo, de vida, alegria, de uma maravilhosa sensação de leveza. Porém, os cárceres não somem. Eles continuam sendo o que são: prisões à espera de prisioneiros. Por isso é tão necessária a vigilância, a constante autoanálise, para que essa alma livre não caia em novas/velhas servidões.

Diante disso, surge um questionamento: como manter a liberdade da alma?

Oração: mantendo a alma em diálogo com Deus (Mt. 6. 9-15)

Montgomery escreveu: “A oração é a linguagem mais simples que lábios infantis podem experimentar; a oração é o clamor mais sublime que atinge a Majestade nas alturas”.
A oração é a respiração da alma. É uma das mais intensas formas de diálogo com Deus. Diálogo, como dizia Carlos Drummond de Andrade, “é você falar e suportar o que o outro tem a dizer”. Isaque da Síria dizia: “Não reduzas as tuas orações a meras palavras, mas antes, faz da totalidade de tua vida, uma oração a Deus”.
A verdadeira oração é repleta de reverência a Deus, de um real senso de necessidade (e não de um consumismo religioso), da anulação do orgulho e da confiança de que somos ouvidos por Deus. James Houston escreveu: “Ser dedicado à oração é, essencialmente, viver aberto para Deus”. Nesse clima de abertura e confiança nasce a entrega, nasce a certeza de que, livres dos cárceres, mantemos um diálogo de amor, um relacionamento sem máscaras e uma dedicação à liberdade que agora desfrutamos.

Palavra: mantendo a alma em contato com o conhecimento de Deus (Sl. 119.11)

Leonard Ravenhill, no esplêndido “Por que tarda o pleno avivamento”, escreveu: “A Bíblia te fará deixar o pecado, ou o pecado te fará deixar a Bíblia”. Quando a alma mergulha nas profundas águas do conhecimento de Deus, experimenta as mais tremendas dimensões da intimidade de uma espiritualidade curada. Vivemos em estado de contradição: pela Palavra num mundo da imagem. Somos parte de uma sociedade educada pela televisão, onde imagens prontas abortam o exercício do pensar. Esse é um desafio gigantesco: pensar a Palavra numa geração viciada no imediatismo da vida de “faz-de-conta”.

Se a Palavra não estiver enraizada na alma, outras raízes nascerão. Raízes de amargura, de egoísmo, da destruição da interioridade. Mas quando a Palavra cria raízes em nós, os frutos da graça brotam e operam o milagre máximo da santidade num mundo apodrecido.
Como disse Donald Grey Barnhouse: “O caminho mais curto para entender a Bíblia é aceitar o fato de que Deus está falando em cada linha”.

Perdão: mantendo a alma mergulhada no amor de Deus (I Jo. 3. 18-22)

A interpretação rabínica leva o mandamento “Não Matarás” a uma dimensão extremamente profunda, que vai muito além do fato óbvio de não cometer algum assassinato. Os rabinos afirmam: “Não negarás ao outro o direito de existir em tua vida” – perdoe! É o mandamento do perdão.

O famoso filme “Love Story”, de Arthur Miller, popularizou uma frase infeliz: “Amar é não ter de pedir perdão”. Mas a celebração do evangelho nas almas livres dos cárceres da culpa e da vingança, curiosamente vai na direção oposta: quanto mais amamos, mais temos a sensibilidade de pedir e dar o perdão. Ele nos liberta das amarras do ressentimento que, literalmente, significa “sentir de novo”. O perdão nos liberta da compulsão da repetição. Alguém disse que “guardar ressentimentos equivale a ingerir veneno esperando que aquele que nos ofendeu morra”. Philip Yancey disse “que o próprio termo ‘perdoar’ já contém a palavra ‘doar’”.
O evangelho simples da graça é todo feito com perdão – do início ao fim. No original grego, a palavra mais usada para perdão significa, literalmente, “soltar, jogar para longe, libertar-se”. A alma livre, se mantém em liberdade aprendendo a jogar para fora futuras frustrações.
Um rabino que foi morar nos Estados Unidos saindo dos campos de concentração nazistas, disse: “Antes de vir para a América, precisei perdoar Adolf Hitler. Eu não queria trazer Hitler dentro de mim para meu novo país”. Como dizia o teólogo Paul Tillich: “O perdão é o ato de lembrar o passado para que ele possa ser esquecido”.

Santidade: mantendo a alma na segurança do caráter de Deus (Sl. 91.1)

A alma livre precisa cultivar a santidade. O santo não é aquele que se isola da vida, que tenta viver com a obsessão de uma perfeição ilusória e legalista. O santo é aquele que confia no caráter de Deus, que se esforça para viver digno da vocação a qual foi chamado. Jesus viveu a santidade num altíssimo grau. Ele não se isolava da vida, não se exilava nas sinagogas nem se exaltava nos legalismos dos fariseus. Sua vida era a mais singela santidade.

Em sua fantástica e reveladora oração (João 17), ele diz: “Não peço que os tire do mundo”. Ele ora para que seus discípulos compreendam que a vida santa não é uma vida sem humanidade, sem a fúria normal do cotidiano, mas uma vida que, apesar das crises do dia-a-dia, se mantém plena de Deus. Tryon Edwards escreveu: “Uma vida santa não é uma vida ascética, melancólica ou solitária, mas uma vida regida pela verdade divina e fiel ao dever cristão. É viver acima do mundo, embora ainda estejamos nele”. Thomas Watson disse: “A santificação é gradual; se ela não aumenta, é porque não está viva”.

Manter a alma em liberdade não é fugir da vida. É ter a coragem de enfrentar-se, de olhar no espelho da intimidade e crer que há possibilidade de renovo. É enfrentar a realidade de que somos pecadores carentes da graça. Agostinho dizia: “O homem é mais livre quando controlado apenas por Deus”. A lei de Deus é o amor e, quando conhecemos, vivemos e demonstramos esse amor, aí sim, estamos absolutamente livres. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8. 36)


Até mais...


Alan Brizotti

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